Putin Mantém Exigências Rígidas para Acordo de Paz com a Ucrânia
Três anos após a Rússia ter iniciado a invasão à Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, continua a manter condições inflexíveis para um eventual acordo de paz. Conforme relatado pelo The Washington Post, Putin expressou nesta quinta-feira que apoia, em princípio, a proposta de cessar-fogo de 30 dias dos Estados Unidos, já aceita pela Ucrânia. Contudo, ele demonstrou ceticismo sobre a efetiva implementação dessa medida, particularmente no que se refere à verificação ao longo da extensa linha de frente.
Possibilidades de Negociações Prolongadas
A declaração de Putin sugere que as negociações podem se estender, sem que Moscou rejeite formalmente a oferta. O líder russo insinuou que a trégua poderia ser aproveitada pela Ucrânia para reorganização e rearmamento, insinuando que imporia suas próprias condições, como a suspensão do fornecimento de armas ocidentais e a proibição de mobilização militar.
Apesar da aparente disposição para o diálogo, as exigências russas permanecem distantes do que a Ucrânia e seus aliados estão dispostos a aceitar. Moscou persiste na manutenção e potencial expansão dos territórios ocupados, recusando-se a devolver regiões anexadas ilegalmente. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, enfatizou que Crimeia, Sebastopol, Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Lugansk são parte da Federação Russa e constam na Constituição do país.
Condições para Interrupção de Hostilidades
Em junho, Putin declarou que a Rússia cessaria imediatamente as hostilidades se a Ucrânia entregasse quatro regiões do sudeste, atualmente sob ocupação parcial de tropas russas, e desistisse de integrar à OTAN. O Kremlin também exige reconhecimento internacional da anexação desses territórios e a desmilitarização da Ucrânia, reduzindo sua capacidade de defesa.
A Adesão da Ucrânia à OTAN e Tensão Internacional
A adesão da Ucrânia à OTAN é um ponto de grande tensão. Para Moscou, essa é uma “linha vermelha” inaceitável, enquanto o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considera a entrada na aliança essencial para a segurança de seu país. Apesar do apoio ocidental, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou que a adesão da Ucrânia “não é um resultado realista” no curto prazo.
Rejeição a Forças de Paz Estrangeiras
A possibilidade de envio de forças de paz estrangeiras foi rejeitada pelo Kremlin. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, declarou que Moscou não aceitará “a participação de outros países no conflito” e alertou que a presença de tropas estrangeiras em território ucraniano resultaria em uma reação “com todos os meios disponíveis”.
Negociações Bilaterais e Sanções Econômicas
Além do conflito, a Rússia tem buscado avançar em negociações bilaterais com os Estados Unidos sobre aspectos como a devolução de propriedades diplomáticas russas confiscadas entre 2016 e 2018 e o restabelecimento de serviços bancários para suas embaixadas.
Outro ponto de interesse para Moscou é a potencial redução nas sanções econômicas impostas pelo governo de Joe Biden, que afetaram a economia russa e a capacidade de financiamento da indústria militar do país. O congelamento de mais de US$ 300 bilhões em ativos russos no Ocidente tem sido um dos principais entraves, e a União Europeia já discute o uso desses recursos para financiar a Ucrânia. Putin classificou essa ação como “roubo”.
