Juros futuros sobem em meio a realização de lucros no Brasil

Taxas de Juros dos DIs Registram Alta no Brasil

Na quinta-feira (16), as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) no Brasil encerraram o dia em alta acentuada, com um aumento de mais de 25 pontos-base na ponta longa. Os investidores realizaram lucros recentes na renda fixa, na bolsa de ações e no mercado de câmbio. Ademais, eles estavam atentos às movimentações no exterior antes da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que ocorrerá na próxima segunda-feira (20).

No fim da tarde, a taxa do DI para julho de 2025, um dos mais líquidos no curtíssimo prazo, foi registrada em 14,01%, comparado ao ajuste de 13,977% do dia anterior. Por sua vez, a taxa do contrato para janeiro de 2026 subiu para 14,895%, um aumento de 7 pontos-base em relação ao ajuste anterior de 14,827%.

Movimentações nos Contratos de Longo Prazo

Entre os contratos de prazos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 atingiu 14,96%, um incremento de 26 pontos-base em relação aos 14,715% do ajuste anterior. O contrato para janeiro de 2033 apresentou uma taxa de 14,84%, frente aos 14,586% anteriores.

Desde o início do ano, a curva a termo no Brasil tem experimentado uma redução nos prêmios, com investidores ajustando os excessos observados no final de 2024, período em que as preocupações fiscais impactaram negativamente os ativos brasileiros. Este movimento resultou em uma queda acumulada de 93 pontos-base na taxa do DI para janeiro de 2027 até a última quarta-feira (15).

Nesta quinta-feira, no entanto, muitos investidores aproveitaram para realizar os lucros recentes na renda fixa, de forma alinhada com movimentos semelhantes na bolsa de ações e no mercado de câmbio, conforme destacado por dois profissionais consultados pela Reuters.

De acordo com um deles, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) ligeiramente acima do esperado — indicando possível pressão inflacionária — contribuiu para essa realização. O IBC-Br, considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), avançou 0,1% em novembro em relação a outubro, conforme dados dessazonalizados. A leitura foi praticamente estável em comparação ao ganho de 0,09% em outubro, mas superou a expectativa de estagnação no mês, conforme pesquisa da Reuters.

Durante a sessão, houve ainda uma operação específica significativa de compra de taxa no contrato para janeiro de 2031, que chamou a atenção dos operadores. No pico do dia, às 16h13, a taxa do DI para janeiro de 2031 alcançou 14,98%, um crescimento de 27 pontos-base em comparação ao ajuste da véspera.

Impactos no Mercado de Câmbio e na Bolsa

A realização de lucros também foi observada no mercado de câmbio, onde o dólar se firmou em alta após uma breve oscilação abaixo de R$ 6,00, e na bolsa, onde o Ibovespa recuava mais de 1%.

Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, comentou durante a tarde: “Com a alta do dólar, a curva de juros acaba puxando, ainda mais em um cenário fiscal ainda indefinido no Brasil”.

Em meio ao movimento desta quinta-feira, a curva continuou consolidando as apostas de que o Banco Central aumentará a Selic em 100 pontos-base no fim de janeiro, conforme sinalizado pela própria autarquia. Perto do fechamento, a curva precificava 90% de probabilidade de aumento de 100 pontos-base, contra 10% de chance de elevação de 125 pontos-base. Na véspera, os percentuais eram de 88% e 12%, respectivamente. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.

O aumento das taxas futuras no Brasil aconteceu apesar da queda dos rendimentos dos Treasuries no exterior, impulsionada por comentários de Christopher Waller, diretor do Federal Reserve, que mencionou a possibilidade de três ou quatro cortes de juros nos EUA este ano.

Investidores também se mantiveram atentos à participação de Scott Bessent, indicado de Trump para chefiar o Tesouro dos EUA, em audiência no Senado. Segundo ele, as políticas de Trump ajudarão a reduzir a inflação e permitirão que os salários dos trabalhadores aumentem nos EUA.

Às 16h39, o rendimento do Treasury de dois anos — que reflete apostas para o rumo das taxas de juros de curto prazo — caiu 3 pontos-base, para 4,23%. Já o retorno do título de dez anos — referência global para decisões de investimento — caiu 6 pontos-base, para 4,592%.

Taxas dos Principais Contratos de DI no Brasil

Mês Ticker Taxa (% a.a.) Ajuste (% a.a.) Variação (p.p.)
JUL/25 14,01 13,977 0,033
JAN/26 14,895 14,827 0,068
JAN/27 15,17 15,008 0,162
JAN/28 15,115 14,928 0,187
JAN/29 15,045 14,833 0,212
JAN/30 15 14,779 0,221
JAN/31 14,96 14,715 0,245
JAN/33 14,84 14,586 0,254

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/mercado/juros-futuros-avancam-em-dia-de-realizacao-de-lucros-no-brasil/