O Impacto do Hip-Hop nas Escolas de Diadema
No final da década de 1980, Nelson Triunfo, uma das figuras mais influentes na introdução do hip-hop em São Paulo, iniciou oficinas nas escolas de Diadema, na Grande São Paulo. Essas oficinas abordavam os quatro elementos essenciais do movimento: rap, grafite, DJ e breakdance.
Nelson, conhecido por promover rodas de dança em locais icônicos como o Theatro Municipal e a Praça da Sé, foi convidado pelo então prefeito de Diadema, José De Fillipi Jr. (PT), para ensinar os jovens locais. “As nossas oficinas culturais começaram de um jeito muito forte. E deu tão certo que viramos referência para outros segmentos culturais”, afirma Nelson Triunfo, de 70 anos, músico, dançarino e arte-educador.
Expansão das Oficinas de Hip-Hop
As primeiras oficinas tiveram início em bairros como Campanário, Inamar e no antigo Centro Cultural Canhema, atualmente conhecido como Casa de Hip-Hop de Diadema, a primeira do tipo na América Latina.
Embora o hip-hop tenha surgido nos Estados Unidos, o trabalho de Nelson nas periferias de Diadema tinha um diferencial. “Nós tínhamos uma base muito social, de passar sabedoria para as pessoas”, ressalta.
‘Fui o que mais colaborou com os jovens periféricos. Tinha esse cunho de ativista social e coloquei isso para dentro das oficinas nas escolas’
Em 1997, dois anos antes da fundação da Casa de Hip-Hop na cidade, Diadema era considerada a cidade mais violenta do país, com cerca de 140,4 homicídios por 100 mil habitantes, de acordo com dados do Datasus (Ministério da Saúde).
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Transformação Social Através da Cultura
A chegada das oficinas transformou esse cenário. “Diadema era considerada a cidade mais violenta do país e com a Casa de Hip-Hop, passou a ser a mais cultural”, conclui o arte-educador.
Para Nelson, o movimento consegue dialogar com jovens periféricos de forma mais humana. Além disso, ele acredita que esse espaço também oferece aos adolescentes uma oportunidade de terem voz ativa, descobrirem novos lugares e se desenvolverem por meio da arte e da cultura.
“Através do Hip-Hop, pessoas que não sabiam chegar ao centro de São Paulo, agora moram na Finlândia, Coreia, Estados Unidos e na França”, afirma.
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O Legado da Casa de Hip-Hop
O artista e educador sempre acreditou no potencial do espaço. “Espero que as pessoas continuem tendo essa consciência de que a Casa é um monumento que pertence a todo Brasil e também ao mundo”, finaliza.
De Geração em Geração
Jean Triunfo, 32, filho de Nelson e atual coordenador da Casa de Hip-Hop de Diadema, pretende continuar cuidando do espaço e contribuindo para o desenvolvimento dos jovens. “Ela é importante para a transformação social do bairro, das pessoas e da comunidade que reside em torno dela”, declara.
Atualmente, a Casa de Hip-Hop conta com cerca de 400 inscritos e oferece diversas atividades, como música, dança, break dance, DJ, grafite, MC, trança afro e artes visuais.
Jean revela que “praticamente cresceu dentro desse espaço”. “A gente trabalha conhecimento, empoderamento, empreendedorismo. O hip-hop é uma cultura que resiste há muito tempo.”
Fonte: https://agenciamural.org.br/nelson-triunfo-o-artista-que-levou-o-hip-hop-ser-referencia-em-diadema/