Erro em Grupo Secreto do Signal Exponde Plano Militar dos EUA no Iémen
Jeffrey Goldberg, editor-chefe da revista The Atlantic, revelou na segunda-feira que foi acidentalmente incluído em um grupo secreto no aplicativo Signal, onde a equipe de segurança nacional do presidente Donald Trump discutia detalhes de operações militares no Iémen. Este grupo, iniciado pelo Conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz, incluía figuras proeminentes como o vice-presidente JD Vance, o Secretário de Estado Marco Rubio, o Secretário de Defesa Pete Hegseth, a Diretora de Inteligência Nacional Tulsi Gabbard, o conselheiro de Trump Stephen Miller, e a Chefe de Gabinete da Casa Branca, Susie Wiles.
Goldberg, um jornalista veterano em Washington, encontrou-se envolvido na conversa altamente confidencial, apesar de nunca ter sido convidado para reuniões do comitê de principais assessores da Casa Branca. Ele mencionou em The Atlantic: “Em todos os meus anos cobrindo segurança nacional, jamais ouvi falar de uma discussão desse tipo em um aplicativo comercial de mensagens”.
O erro resultou na revelação de informações sensíveis. Às 11h44, Pete Hegseth enviou a Goldberg o plano detalhado dos ataques. Às 14h, os bombardeios iniciaram no Iémen, confirmando a veracidade do conteúdo recebido pelo jornalista.
Reações e Consequências
Em resposta aos repórteres na Casa Branca, Trump negou conhecimento do incidente e depreciou The Atlantic: “Não sei de nada disso. Não sou fã da revista. Para mim, ela está indo à falência.” Sobre o chat, ele ironizou: “Não deve ter sido muito eficaz, porque o ataque foi muito eficaz. Não sei do que estão falando, é a primeira vez que ouço isso.”
Inicialmente, Goldberg suspeitou de uma operação de desinformação, mas confirmou a autenticidade do grupo quando os ataques começaram. No chat, ele apareceu como “JG”, o que gerou especulações de que Waltz pretendia adicionar Jamieson Greer, Representante Comercial dos EUA, que tem as mesmas iniciais.
Por motivos de segurança nacional, Goldberg decidiu omitir parte do conteúdo do chat. A Casa Branca defendeu Waltz, destacando que os ataques aos houthis foram bem-sucedidos e reiterou a confiança do presidente na sua equipe. O Conselho de Segurança Nacional também confirmou a autenticidade do grupo.
Contexto e Impacto
Os ataques, ordenados por Trump contra os rebeldes houthis apoiados pelo Irã, eram uma mensagem direta a Teerã. Os houthis estavam atacando navios no Mar Vermelho, de países aliados a Israel, como os EUA e o Reino Unido. O grupo no Signal, intitulado “Houthi PC small group”, foi criado para coordenar a operação.
No chat, Vance expressou preocupações sobre o impacto dos ataques, mencionando o risco de aumento nos preços do petróleo e sugerindo adiar a operação. No entanto, ele acabou concordando: “Se acham que devemos ir em frente, vamos. Só odeio salvar a Europa de novo.” Enquanto isso, Goldberg acompanhava a conversa discretamente, evitando divulgar detalhes sensíveis, como os alvos e as armas envolvidas, por receio de prejudicar as forças americanas.
Após os bombardeios, o chat foi inundado por emojis e mensagens de parabéns. Waltz respondeu com um punho, uma bandeira americana e fogo, enquanto Susie Wiles escreveu: “Parabéns a todos, especialmente aos que estão em campo e ao CENTCOM! Deus abençoe.”
Repercussão e Críticas
Brian Hughes, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, confirmou o erro e afirmou que estavam revisando como o número de Goldberg foi adicionado ao grupo. A operação foi considerada bem-sucedida, sem riscos para as tropas ou para a segurança nacional.
O incidente gerou críticas. O deputado republicano Don Bacon afirmou: “Já enviei mensagem para a pessoa errada, mas discutir isso em redes não seguras é inadmissível.” O senador democrata Andy Kim pediu a demissão de Hegseth, chamando-o de “irresponsável”: “Alguém precisa perder o cargo, de preferência ele.” Especialistas apontaram que o uso do Signal pode violar a Lei de Espionagem e a Lei de Registros Presidenciais, pois informações sigilosas devem ser tratadas em sistemas governamentais seguros.