Protestos em Istambul: Prisão de Prefeito Gera Distúrbios na Turquia
Na última segunda-feira (24), grandes multidões de estudantes tomaram as ruas de Istambul em protesto contra a prisão do prefeito opositor da cidade. Esse evento desencadeou os maiores distúrbios na Turquia em anos.
As manifestações tiveram início após a detenção de Ekrem Imamoglu em 19 de março, espalhando-se por mais de 55 das 81 províncias do país. Isso resultou em confrontos com a polícia e críticas internacionais.
O ministro do Interior da Turquia informou que mais de 1.100 pessoas foram presas, incluindo 10 jornalistas, sendo um fotógrafo da AFP.
Imamoglu: Figura Política em Ascensão
Com 53 anos, Imamoglu, do Partido Republicano do Povo (CHP), é considerado o único adversário capaz de enfrentar o presidente Recep Tayyip Erdogan nas urnas. Em apenas quatro dias, ele foi de prefeito de Istambul a detido e destituído de seu cargo devido a uma investigação sobre corrupção e terrorismo.
Na segunda-feira, estudantes de Istambul e Ancara anunciaram um boicote às aulas nas principais universidades. Em Istambul, eles marcharam em direção a Besiktas, no Bósforo, enquanto moradores manifestavam apoio.
Manifestações e Reações Internacionais
No porto, os estudantes seguiram rumo à península histórica para participar de um protesto noturno em frente à Prefeitura. “Isso não é uma reunião, é um ato de desafio ao fascismo!”, declarou o líder do CHP, Ozgur Ozel, à multidão.
Após uma reunião com seu gabinete, Erdogan acusou a oposição de incitar as manifestações e afirmou que a economia turca estava sob controle.
A prisão de Imamoglu impactou gravemente a lira e causou turbulência no mercado financeiro turco. No entanto, o índice BIST 100 se recuperou parcialmente na segunda-feira.
No domingo, Imamoglu foi escolhido como candidato do CHP à presidência de 2028, um movimento visto como provocador. Sua prisão foi amplamente condenada por países como Alemanha e Grécia.
Liberdade de Imprensa Sob Ataque
Na manhã de segunda-feira, 10 jornalistas turcos foram detidos em suas casas por cobrirem os protestos, de acordo com o grupo de direitos humanos MLSA. Esta ação foi condenada por várias entidades de jornalistas.
“Deixem de atacar os jornalistas!”, afirmaram em uma declaração conjunta, destacando que muitos foram alvo de violência policial.
A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) exigiu a libertação dos jornalistas detidos, afirmou o representante da organização na Turquia, Erol Onderoglu.
A esposa de Imamoglu também condenou as prisões. “O que estão fazendo com os membros da imprensa e jornalistas é uma questão de liberdade”, escreveu Dilek Kaya Imamoglu no X.
Imamoglu se pronunciou da prisão, classificando as medidas judiciais contra ele como uma “execução política sem julgamento”. Ele destacou: “Estou usando uma camisa branca que não pode ser manchada. Tenho um braço forte que não pode ser torcido. Não me moverei nem um centímetro. Vencerei essa guerra”.
(Com informações da AFP)
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