Cientistas descobrem dois indícios que podem prever demência com até 11 anos de antecedência

Sinais Precoces de Demência Identificados Anos Antes dos Sintomas Tradicionais

Pesquisadores australianos descobriram dois sinais iniciais de demência que não estão relacionados à perda de memória e que podem surgir até 11 anos antes dos sintomas clássicos. A demência, frequentemente associada a mudanças de humor e lapsos de memória, pode ser detectada precocemente através de alterações sutis no corpo.

Estudo da Universidade Monash Revela Indicadores Iniciais

Um estudo realizado por cientistas da Universidade Monash, localizada em Melbourne, identificou que a perda rápida de peso e níveis elevados de colesterol ‘bom’ são potenciais sinais precoces de demência. Os pesquisadores analisaram dados de saúde cardíaca e metabólica de 1.078 indivíduos com demência e 4.312 sem a condição.

Os resultados mostraram que aqueles com demência apresentaram uma perda de peso acelerada, evidenciada pela diminuição do índice de massa corporal (IMC) e da circunferência da cintura, até 11 anos antes do diagnóstico. Além disso, estes indivíduos exibiram níveis mais elevados de lipoproteína de alta densidade (HDL), conhecida como colesterol ‘bom’, cerca de cinco anos antes do diagnóstico, em comparação com os participantes sem demência.

Implicações para Diagnóstico Precoce

Os autores do estudo sugerem que esses achados podem ser cruciais para identificar pessoas mais velhas propensas a desenvolver demência, permitindo tratamentos antecipados. Conforme afirmado no artigo publicado no JAMA, “A demência possui uma fase pré-clínica longa”, o que indica que os sinais da doença podem se acumular muitos anos antes de serem reconhecidos clinicamente.

No Reino Unido, estima-se que quase um milhão de pessoas vivem com demência, um número que pode chegar a 1,4 milhão até 2040. Durante o estudo, os pesquisadores monitoraram nove fatores cardiometabólicos dos participantes por até 11 anos, incluindo medidas como circunferência da cintura, peso, altura, pressão arterial, níveis de HDL e LDL, triglicerídeos e colesterol total.

Descobertas Relevantes

Dos participantes, 1.078 foram diagnosticados com demência. Comparados ao grupo de controle, esses indivíduos mostraram IMC e circunferência da cintura menores até 11 anos antes do diagnóstico, com uma redução mais acentuada. Enquanto o grupo de controle apresentou um aumento gradual nos níveis de HDL, os participantes com demência tiveram um aumento súbito cerca de cinco anos antes do diagnóstico.

Os pesquisadores notaram que essas mudanças na forma do corpo e nos níveis lipídicos de pessoas com demência “desviaram-se” da população geral até uma década antes dos sintomas se manifestarem. A perda de peso pode ser atribuída à demência, pois o declínio cognitivo pode levar à “redução do apetite e habilidades culinárias comprometidas”.

Considerações Adicionais

Os participantes com demência eram mais propensos a viver sozinhos, o que poderia resultar em menor assistência na preparação de refeições e alimentação. Os autores também conjecturaram que a demência pode “afetar regiões cerebrais que regulam a composição corporal”, uma hipótese explorada em estudos menores.

Em suas palavras, “Nossos resultados sugerem que a perda de peso antes da demência pode ocorrer muito antes do que relatado anteriormente.” Eles destacam que “mudanças neuropatológicas iniciais, como o acúmulo de amiloide, podem começar de 15 a 24 anos antes do diagnóstico.” Portanto, os achados indicam que mudanças no corpo podem iniciar-se durante a fase pré-clínica da demência, precedendo os sintomas visíveis.

Fonte: https://gazetabrasil.com.br/saude/2025/02/08/pesquisadores-identificam-dois-sinais-que-podem-indicar-demencia-ate-11-anos-antes/