Gordura Intramuscular e Risco Cardíaco: Novo Estudo Revela Impacto
Pessoas que acumulam gordura nos músculos podem estar em maior risco de hospitalização devido a ataques cardíacos ou insuficiência cardíaca, independentemente do índice de massa corporal (IMC). Esta descoberta foi apresentada em um estudo publicado na segunda-feira (20), no European Heart Journal.
Este foi o primeiro estudo a examinar os efeitos da gordura intramuscular em doenças cardíacas. A pesquisa adiciona evidências de que métricas tradicionais, como IMC ou circunferência da cintura, podem não ser adequadas para avaliar o risco de doenças cardíacas com precisão para todas as pessoas.
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“A obesidade é uma das maiores ameaças globais à saúde cardiovascular atualmente, mas o índice de massa corporal continua a ser um marcador controverso e ineficaz para prognósticos cardiovasculares. Isso é especialmente verdadeiro para mulheres, onde um IMC elevado pode refletir tipos mais ‘benignos’ de gordura”, destaca Vivany Taqueti, diretora do Laboratório de Estresse Cardíaco do Brigham and Women’s Hospital e professora da Harvard Medical School, em comunicado à imprensa.
A pesquisa incluiu 669 indivíduos que estavam sendo avaliados no Brigham and Women’s Hospital com sintomas como dor no peito e/ou falta de ar. Eles não apresentavam evidências de doença arterial coronária obstrutiva. A idade média dos participantes era de 63 anos e a maioria (70%) era do sexo feminino, com quase metade (46%) sendo de outras etnias além da branca.
Os participantes foram submetidos a tomografias cardíacas por emissão de pósitrons/tomografia computadorizada (PET/CT) para avaliar a funcionalidade do coração. Além disso, tomografias computadorizadas foram usadas para analisar a composição corporal de cada pessoa, medindo a quantidade e localização de gordura e músculo.
Para quantificar a gordura armazenada nos músculos, os pesquisadores calcularam a proporção de gordura intermuscular em relação ao músculo total mais gordura, uma medida denominada fração muscular gordurosa. Os pacientes foram monitorados por aproximadamente seis anos, período durante o qual os pesquisadores registraram mortes ou hospitalizações por ataque cardíaco ou insuficiência cardíaca.
Os resultados mostraram que aqueles com maior quantidade de gordura muscular tinham mais probabilidade de sofrer danos nos pequenos vasos sanguíneos do coração e de serem hospitalizados ou morrerem por doenças cardíacas. Para cada aumento de 1% na fração de gordura muscular, houve um aumento de 2% no risco de disfunção microvascular coronária e um aumento de 7% no risco de doenças cardíacas graves futuras.
Preocupações com a Gordura Intramuscular
“A gordura intramuscular pode estar contribuindo para a inflamação e metabolismo alterado da glicose, levando à resistência à insulina e síndrome metabólica. Esses fatores podem danificar os vasos sanguíneos, incluindo os do coração”, explica Taqueti.
Identificar pessoas em alto risco por meio da gordura intramuscular pode ser essencial, independentemente do IMC. Essas descobertas podem ser particularmente relevantes para compreender os impactos na saúde cardíaca de terapias que modificam a gordura e os músculos, como novos agonistas do receptor de peptídeo-1 semelhante ao glucagon.
Atualmente, os pesquisadores investigam como diferentes estratégias de tratamento, incluindo exercícios, nutrição e medicamentos, afetam a composição corporal e doenças cardíacas metabólicas.
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